Com o título “Menos armas, mais segurança”, eis artigo de Acrísio Sena (PT), deputado estadual. “O número de armas em posse de civis só aumenta desde 2017. Até abril de 2019 houve alta de 10% nos registros para a posse de armas concedidos pela Polícia Federal, em relação a 2018”, diz o texto. Confira:
A derrota do Governo Federal no chamado “decreto das armas”, que queria flexibilizar as regras para a posse e porte, e praticamente enterraria o Estatuto do Desarmamento, é uma boa notícia em meio aos caos atual da política brasileira. Um relatório do Centro de Políticas de Violência dos EUA, um país que é referência na liberação do uso de armas, mostra que, em 2012, para cada uma morte por armas, justificável como legítima defesa, houve 34 mortes de armas injustificáveis. E mais: dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano mostram que, naquele mesmo ano, para cada assassinato por autodefesa houve 78 suicídios.
No início de 2019, pesquisa Datafolha apurou que 61% dos brasileiros eram contrários à liberação da posse das armas. De acordo com os entrevistados, a posse deve ser proibida “pois representa ameaça à vida de outras pessoas”. E não é pra menos. O número de pessoas assassinadas com armas de fogo é epidêmico e cresceu 6,8% no país entre 2016 e 2017, de acordo com dados do Atlas da Violência de 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgado no começo de junho.
O Atlas é assinado por 13 pesquisadores e elaborado com registros oficiais do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS). Pela série histórica de número de mortes por armas de fogo, quase um milhão de brasileiros perderam a vida vitimados por disparos entre 1980 e 2017.
Para os estudiosos responsáveis pelo Atlas da Violência, o número seria ainda maior não fosse o Estatuto do Desarmamento, aprovado em 2003. De 14 anos para cá, desde a promulgação desta lei, a taxa média de crescimento anual de mortes por armas é de 0,85%, queda brusca em relação aos 14 anos anteriores à lei que era de 5,44%. Ou seja, o Estatuto quebrou uma tendência.
Infelizmente, alguns setores da sociedade e o próprio Governo Federal vem atuando contra o Estatuto, usando incisivamente a pressão das redes sociais. E isso provocou um imenso retrocesso. O número de armas em posse de civis só aumenta desde 2017. Até abril de 2019 houve alta de 10% nos registros para a posse de armas concedidos pela Polícia Federal, em relação a 2018. Ou seja, os números não mentem: quanto menos armas, maior a segurança da população.
*Acrísio Sena
Deputado estadual do PT.
(Foto – ALCE)
Fonte-blogdoeliomar.com.br
Blog Nilson Técnico Bosch.