De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença é o segundo tipo de câncer mais incidente na população masculina em todas as regiões do país, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma. No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano para o triênio 2023-2025. No Ceará, serão pelo menos 3.120 novos casos para o mesmo período. Atualmente, ocâncer de próstata é a segunda causa de óbito por câncer na população masculina, ainda de acordo com o Instituto. Quando descoberto precocemente, a cura do câncer de próstata pode ocorrer em cerca de 90% a 95% dos casos em seu estágio inicial.
Além da idade, dos hábitos alimentares, da obesidade, do sobrepeso e do tabagismo, outro principal fator que pode contribuir para o aparecimento do câncer de próstata é a predisposição genética.
Exames preventivos
Nesse contexto, recomenda-se que os exames para detecção do câncer de próstata sejam realizados periodicamente a partir dos 50 anos. Em homens com histórico familiar de câncer de próstata, a partir dos 45 anos. Os exames mais comuns para detecção de alterações na próstata são o toque retal, que avalia se há presença de nódulos, o tamanho da próstata e se há dor durante a palpação; e o de sangue, que avalia o nível de antígeno prostático específico, o PSA, que é produzido pela próstata. Caso a concentração esteja alta pode ser um indicativo da doença.
“É importante explicar que nem sempre a alteração do nível do PSA indica câncer. A dosagem pode variar por outros motivos, como hiperplasia benigna da próstata, prostatite, infecção urinária e até manipulação local. Por isso, o homem deve fazer o toque retal também. O toque dobra a capacidade de identificar o câncer de próstata quando associado com PSA”, ressalta o urologista Lucas Lima, do Instituto do Câncer do Ceará (ICC).
Genética e tecnologia aliadas ao diagnóstico precoce
Com o avanço da ciência e da tecnologia, a descoberta da predisposição ao câncer de próstata, bem como de outros tipos de câncer, antes mesmo de surgirem manifestações clínicas, tornou-se uma realidade. Esse é o trabalho da oncogenética (a genética aplicada à oncologia).
Reconhecido pelo Ministério da Saúde como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), o ICC mantém o Biomol, um laboratório de biologia molecular e genética aplicado à oncologia exclusivo no Ceará que realiza estudos utilizando métodos inovadores e super avançados de diagnóstico capazes de detectar mutações que podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer antes mesmo da doença se desenvolver.
Por meio de exames de rastreamento genético e de síndromes hereditárias é possível identificar os cálculos de risco e traçar um planejamento terapêutico para a enfermidade, de forma a atuar de maneira antecipada sobre ela, impedindo o seu agravamento e/ou a necessidade de internações, cirurgias ou tratamentos mais agressivos.
Os exames genéticos analisam se há presença de alterações cromossômicas ou até pequenas mutações nos genes no organismo, que podem aumentar o risco de desenvolver a doença. As variantes que alteram a função de genes podem facilitar a proliferação anormal das células, transformando-se, posteriormente, em tumores. Os exames são realizados a partir da coleta de DNA, que pode ser extraído tanto do sangue como da saliva. Segundo o urologista Lucas Lima, até 15% dos tumores de próstata podem ter alguma mutação.
A partir do momento em que uma variante genética de predisposição a câncer é identificada na família, outros familiares sob risco podem ser testados apenas para aquela variante específica. De qualquer forma, o exame genético deve ser realizado após a avaliação clínica e o aconselhamento genético pré-teste.
Medicina genética acessível aos pacientes do SUS
O Laboratório de Biologia Molecular e Genética do ICC conta com todo um aporte científico atrelado ao Mestrado em Oncologia do Instituto do Câncer do Ceará / Hospital Haroldo Juaçaba / Faculdade Rodolfo Teófilo (FRT), braço educacional e acadêmico do ICC, única instituição do Nordeste a ofertar um mestrado acadêmico em oncologia. Além da produção de conhecimento científico sobre o tema, por meio do desenvolvimento de pesquisas e da publicação de artigos na área da oncologia por pesquisadores do próprio Instituto, o Laboratório de Biologia Molecular e Genética do ICC também permite o acesso gratuito aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) aos tratamentos inovadores da medicina genética.
Pacientes de baixa renda podem ser selecionados para participar do projeto de pesquisa com o apoio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e ter acesso a consultas com médicos geneticistas e aos exames avançados de genética afim de detectar precocemente os sinais ou a predisposição ao câncer de próstata e a vários outros tipos da doença. Para participar do programa, os pacientes devem atender a alguns critérios. Cada síndrome tem seus critérios exigidos, mas em linhas gerais, os principais deles são:
- Ser Cearense
- Ter histórico de câncer
- Ter histórico familiar para síndromes hereditárias
- Ter histórico familiar para câncer precoce
Atualmente, o programa conta com 770 vagas disponíveis para pacientes interessados em realizar a investigação genética para vários tipos de câncer. Uma vez dentro do programa e possuindo mutação patogênica em algum dos genes analisados, o laboratório poderá chamar até 04 (quatro) familiares dos selecionados para passar pelos exames de detecção precoce e pela identificação dos cálculos de risco, a fim de mapear mutações, prever a doença e impedir que ela se desenvolva.
O Laboratório de Biologia Molecular e Genética do ICC é ainda o único laboratório do Ceará e um dos poucos em todo o Nordeste a possuir um “Biobanco”, em que são armazenadas amostras tumorais para futuras pesquisas que analisam fatores que levaram à mutação, o que pode ajudar a identificar marcadores populacionais, entre outros fatores, e desenvolver novos prognósticos para o câncer. O Biobanco do ICC existe desde 2014 e conta com mais de 8 mil amostras tumorais.
Sintomas e Tratamento
Em seu estágio inicial, o câncer de próstata geralmente age silenciosamente. Os sintomas mais comuns no estágio avançado da doença são o comprometimento das funções do trato urinário e do desempenho da vida sexual, dores na região pélvica, lombar e abdominal.
Já os tratamentos para câncer de próstata variam de acordo com o estado da doença, condições de saúde atual do paciente e da expectativa de vida. Em fase inicial, por exemplo, é possível tratar com radioterapia. Outras possibilidades são a remoção cirúrgica, a terapia hormonal e a quimioterapia.
A terapia hormonal é um procedimento que atua no controle de hormônios masculinos (como a testosterona e a diidrotestosterona), contribuintes do contínuo desenvolvimento do tumor. Já a quimioterapia, mais conhecida entre as pessoas, funciona à base de fármacos (geralmente injetados de maneira intravenosa) que agem no crescimento e na proliferação do câncer.
Vale salientar que a forma mais eficaz de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce, por isso, a campanha do Novembro Azul é de grande importância.
O ICC é referência em oncologia há quase 80 anos e está comprometido em cuidar e acolher, de forma humanizada, com um corpo clínico de excelência, da saúde e do bem-estar dos seus pacientes, contando sempre com ações de conscientização e oferecendo atendimento integral aos que são atingidos pela doença.
Fonte- blogrobertomoreira.com
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