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“Se for candidato à Câmara, vou liderar a oposição no Ceará contra o Ciro”, disse o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) ao jornal O Globo, edição do último domingo, segundo a matéria “Caciques da ‘Velha Política’ planejam retorno ao Congresso em 2022″. Eunício, sem dúvida, só terá mandato, a partir de janeiro de 2023, se disputar vaga de deputado federal ou estadual. No grupo da oposição às candidaturas majoritárias do PDT, e a do governador Camilo Santana ao Senado, ele será apenas mais um a ser liderado pelo deputado federal Capitão Wagner, sendo ou não este candidato a governador do Estado.
Wagner ocupou o espaço de líder das oposições cearenses, com tão pouco tempo de disputas eleitorais, exatamente pela falta de empatia de alguns dos tradicionais políticos do estado, como o próprio Eunício Oliveira, com o eleitorado cearense. São políticos que conquistaram mandatos comprando votos ou na sombra de alguém. Wagner, por falta de apoio de tradicionais lideranças ou por sua própria inquietação, foi à luta e expandiu sua liderança para fora do ambiente das polícias, onde nasceu politicamente. Hoje tem o seu próprio quinhão, embora, sem dúvida, seja menor do que imaginam seus liderados, mas é dele.
Eunício está aquém de Wagner, embora o excesso de vaidade o motive a fazer declarações do tipo aqui destacada, além de outras pelas quais busca confundir o eleitorado, quando vende uma imagem de intimidade com o ex-presidente Lula, e de sua provável campanha presidencial ser o principal indutor no Ceará, como se não soubéssemos que o PT, liderado pelos deputados federais José Guimarães e Luizianne Lins, tem bem mais condições que ele de garantia de suporte à campanha presidencial.
A oposição, sobretudo a consequente, é muito útil à sociedade e ao próprio governante que, embora deveras responsável, sempre estará mais atento se diligente for a oposição. Lamentavelmente, porém, são pequenas as chances de a geração atual de políticos consolidar uma verdadeira oposição no Ceará, aquela que persegue o poder apresentando alternativas aos projetos governistas, oferecendo opções ao eleitor para melhor avaliar o seu governante e, se convencido das alternativas apresentadas, contemplar os seus autores com o voto, fazendo a tão benéfica alternância de poder.
Eunício poderia ser um dos líderes da oposição no Ceará. Ele não deveria ter feito o caminho de volta para o ambiente governista quando foi derrotado na disputa pelo Governo do Estado pelo atual governador Camilo Santana, em 2014. Ele já havia “cuspido no prato” quando saiu do esquema político que o ajudou a eleger-se senador ao lado do ex-senador José Pimentel, em 2010. Só o dinamismo da política e o desrespeito a si próprio fazem algumas reconciliações na política. A de Eunício com o grupo governista em 2018, para tentar reeleger-se senador, foi uma dessas.
Mas o eleitorado, nem sempre respeitado por alguns, está quase sempre atento e não aceita certas alianças. Eunício responsabiliza aliados de Ciro Gomes pela sua derrota. Mas não fala que tinha o apoio total do governador Camilo Santana, reeleito com um percentual de quase 80% dos votos do eleitorado cearense. O eleitor, sobretudo o independente, aquele não vende o seu voto, tem critérios diferentes para escolher o seu candidato a cargo majoritário (prefeito, governador, senador e presidente).
E exatamente por isso, o político que queira galgar um desses postos, ou ter o privilégio de liderar algum grupo, não pode e nem deve ter posições dúbias, ou seja a de hoje apontar inúmeros defeitos no adversário e amanhã, sem qualquer pedido de desculpas pelas suas aleivosias, insultos ou impropriedades, estar ombreado com a acusado, desdizendo tudo o que houvera dito antes, desrespeitando a si e aos eleitores só pelo interesse imediato de por ele ser ajudado para conquistar mais um mandato.
Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre o dinamismo na política cearense:
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