Medida é vista como positiva, mas especialistas ressaltam que a economia nacional ainda precisa ser estimulada por pacotes mais consistentes de atração de investimentos, apoio às empresas e incentivo à geração de emprego.
O Governo Federal anunciou ontem (30) que vai estender por mais dois meses o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 para os trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados.
A ideia é distribuir as duas novas parcelas do benefício em quatro etapas para garantir renda durante cenário de “crise mais extensa” devido à pandemia do novo coronavírus. Para economistas, a ampliação do pagamento é necessária, mas é preciso ainda um pacote de medidas mais robusto para estimular a atividade econômica.
De acordo com o ministro Paulo Guedes, a ideia é que no início de agosto sejam pagos R$ 500; outros R$ 100 no fim do mês; em setembro, sejam depositados mais R$ 300 no início do mês e outros R$ 300 no fim de setembro. O ministro disse ainda que o Governo está “fazendo o possível” para lidar com a crise econômica e social gerada pela covid-19, mas admitiu que “evidentemente que saímos do trilho”.
Guedes também anunciou que a equipe econômica está desenhando “medidas de saída da crise” e que nos próximos três meses vai trabalhar para estimular investimentos e empregos.
Consistência
Para analistas ouvidos pela reportagem do Sistema Verdes Mares, faltam medidas mais consistentes para estimular a economia. Segundo a economista Tania Bacelar, o Governo precisa ter um plano de recuperação. “Se você olhar as taxas de desemprego vai perceber que a economia não vai retomar rapidamente. A gente vai chegar ao fim de setembro com essa população ainda desempregada e sem apoio. O Governo não tem um plano de retomada, e a economia está no fundo do poço”.
Ela diz também que, pelo contexto atual, vão ser necessárias mais ampliações do benefício em breve. “Vai ter que manter o auxílio o tempo que a economia se recuperar. Ter arrocho não recupera a economia. O Governo vai voltar para a agenda de reformas que vai ter um impacto de médio prazo. Meu cenário é que o auxílio vai continuar por conta da realidade”.
Bacelar acrescenta que o Nordeste é a região mais prejudicada pela crise econômica. “O impacto aqui é maior que na média nacional. Mas, como um todo, o Brasil vai demorar para se recuperar. O Governo não tem iniciativa e nem um programa de recuperação da economia”, pontua.
Para o diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário Santos de França, a prorrogação por mais dois meses do auxílio emergencial é vital. “Isso porque vai demorar algum tempo para a economia voltar a ter um comportamento mais normal. Muitas pessoas vão ter dificuldade de emprego. Esse complemento de renda é muito importante porque é focalizado nos mais vulneráveis”.
Sem agenda
Ele também diz que sente falta, por parte do Governo Federal, de uma agenda de recuperação da economia. “Essa questão ainda não foi muito bem discutida no plano federal. Sinto falta desse planejamento da retomada”, resume o diretor.
O economista Ricardo Eleutério afirma que nessa fase da pandemia, cuja crise econômica tem impactado mais fortemente os trabalhadores informais, a prorrogação do benefício é bem-vinda. “Essa ação mais direta do auxílio vai colocar renda não mão daqueles que perderam ou zeraram a renda. O desemprego cresceu e a informalidade cresceu junto. Nós temos a urgência de curto prazo de dar sobrevida e renda para aqueles mais vulneráveis”, avalia.
O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-CE), Luiz Trotta, diz que é fundamental a extensão do pagamento do benefício. “Agora, mais do que isso, são necessárias políticas de estímulo para a economia, porque o auxílio é para resolver um problema imediato. Precisamos de pacotes de incentivos para que a gente consiga reacender a economia. A gente precisa de reformas estruturais, mas tem que envolver uma ação da classe política também”.
Aécio Alves, professor do curso de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que Governo será pressionado nos próximos meses para aumentar as parcelas do benefício emergencial. “É uma medida paliativa para resolver uma questão de curtíssimo prazo das pessoas vulneráveis. A economia precisa de algo consistente, que faça a demanda (pelo consumo) crescer. Não se pode criar expectativa que o auxílio vai levantar a economia”, pontua.
Fonte-diariodonordeste.verdesmares.com.br
Blog Nilson Técnico Bosch.
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