Fonte-Articulista Focus.jor
Todas as escolhas ministeriais do presidente eleito foram atacadas pelo PT e seus satélites; e todas as que ainda restam por vir, o serão igualmente. Não havia de se esperar outra coisa de uma esquerda ainda amargurada com a derrota para alguém que – mais do que adversário político – foi alvo privilegiado de seu ódio, desprezo, deboche e tentativas sistemáticas de demonização e desmoralização.
Todavia, por mais que tenham sido previsíveis os ataques aos ministros escolhidos pelo presidente Bolsonaro, espanta a virulência dos ataques a Ernesto Henrique Fraga Araújo, diplomata de carreira indicado para o Ministério do Exterior, e a Ricardo Vélez Rodríguez, professor-emérito indicado para o Ministério da Educação. Os ataques não vieram apenas do lulopetismo, mas de toda uma larga e diversificada franja jornalística e acadêmica que podemos definir como “progressista”.
Quem ouviu falar de Ernesto Araújo e Vélez Rodríguez apenas pela cobertura recente da imprensa ficou com a impressão de que Bolsonaro havia anunciado para dois dos ministérios mais importantes o nome de uns tontos desqualificados que escreviam idiotices. Trata-se, porém, de dois intelectuais de grande envergadura e que escrevem com conhecimento, pertinência e erudição.
Mas não escrevem o que a intelligentsia progressista quer ler. Consequentemente tornam-se alvo dessa mesma intelligentsia e da mídia que reverbera as suas críticas mordazes. É nesse contexto que devemos ler a matéria do site gauchazh – compartilhada pela Anpof (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia) – que traz o título “O que os filósofos dizem sobre o futuro ministro da educação?”.
A verdade é que não dizem nada, pois aqueles cuja opinião está expressa na matéria simplesmente não são filósofos. Títulos de mestrado, doutorado, pós-doutorado ou um currículo Lattes de 1 quilômetro de extensão não torna ninguém filósofo. Mas eis que temos que ler na matéria que o diretor da faculdade de Filosofia da USP diz de Vélez que “Ele não é exatamente uma figura conhecida na Filosofia. Não é um nome conhecido.” Já o professor de filosofia política da USP, Alberto de Barros complementa: “Nos grupos de pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e nos grupos de trabalho da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), dos quais eu participo, o seu nome é desconhecido.”
Talvez o nome dele seja desconhecido, caro professor, por ele ter sido preterido e perseguido dentro da Universidade (conferir entrevista de Vélez a Bruno Garchagen no Podcast Mises Brasil). Na mesma matéria lemos frases do tipo “Em artigos, Vélez defende que universidades e o Ministério da Educação estão aparelhados pela esquerda. Em seu Lattes (currículo acadêmico), diz pesquisar filosofia política.” Ora, ninguém “defende” que universidades e o MEC estão aparelhados pela esquerda. Isso não é uma hipótese a ser defendida, é o óbvio ululante.
O que Vélez defende é que se lute contra isso. E como assim o professor Vélez “diz pesquisar filosofia política”? Ele pesquisa Filosofia Política e ponto final. Sei que são sutis essas tentativas de desqualificação, mas mesmo assim devem ser apontadas. Nada sutil, porém, foi o texto desairoso do jornalista Reinaldo Azevedo que já foi devidamente rebatido pelo meu amigo Lucas Berlanza (Diretor executivo do Instituto Liberal) em artigo intitulado “O cientificismo e a crítica irresponsável de Reinaldo Azevedo a Ricardo Vélez.”
Uma peculiaridade da cobertura da imprensa sobre o novo titular do MEC é acentuarem maliciosamente sua condição de estrangeiro; os críticos o chamam preferencialmente de “o colombiano”, como a destacar sua suposta ignorância sobre a realidade educacional do Brasil.
Os progressistas encasquetaram principalmente com um texto, intitulado “Mais Brasil, Menos Brasília”, publicado logo após a indicação. Nesse texto Vélez Rodríguez mostra sua disposição em combater a revolução cultural gramsciana “com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do ‘nós contra eles’ e uma reescrita da história em função dos interesses dos denominados ‘intelectuais orgânicos’.” Em entrevista o ministro deu a declaração mais blasfema possível aos ouvidos de um progressista: “quem define o gênero é a natureza.”
Em relação ao novo chanceler, é impressionante a quantidade de críticas rasteiras e maliciosas que se seguiram ao anúncio do seu nome. E tudo porque ele se coloca como arauto daquilo que qualquer cristão deveria saber que é necessário defender: seus valores e o legado civilizacional que fez o próprio cristianismo florescer e que, com o cristianismo, moldou a sociedade democrática e livre que caracteriza o Ocidente.
Os críticos mais escandalizados asseveram que, com seu obscurantismo, Ernesto Araújo destruirá a imagem do Brasil no exterior, fazendo feio diante dos organismos da diplomacia internacional e da imprensa dos países do Primeiro Mundo. O diplomata respondeu a essas críticas com um longo artigo, intitulado “Mandato popular na política externa”, que nada tem de ignorante ou bizarro. Trata-se antes de um texto que chega a impactar pela pertinência e coragem. Julguem:
“E o povo brasileiro? Vocês não se preocupam com o que o povo brasileiro vai pensar de vocês? Sabem quem é o povo brasileiro? Já viram? Já viram a moça que espera o ônibus às 4 horas da manhã para ir trabalhar, com medo de ser assaltada ou estuprada? A mulher que leva a filha doente numa cadeira de rodas precária, empurrando-a de hospital em hospital sem conseguir atendimento? O rapaz triste que vende panos no sinal debaixo do sol o dia inteiro para mal conseguir comer? A mulher que pede dinheiro para comprar remédio, mas na verdade é para comprar crack e esquecer-se um pouco da vida? O outro rapaz atravessando a rua de muletas, com uma mochila toda rasgada às costas, na qual pregou o adesivo do Bolsonaro, talvez sua esperança de dar dignidade e sentido à sua luta diária? O pai de família com uma ferida na perna que não cicatriza nunca porque ele precisa trabalhar três turnos para poder alimentar os filhos? Aí está o povo brasileiro, não está no New York Times. Se a política externa não se relaciona com o sofrimento, a paixão e a fibra dessas pessoas, então não serve para nada.”.
Diante da flagrante erudição e talento dos referidos futuros ministros, como explicar a histeria acusatória contra quem ainda nem assumiu o cargo? Relendo os ataques, vislumbramos três móveis principais da ira progressista contra eles:
1) acreditam em Deus;
2) são contra o marxismo;
3) foram sugeridos por Olavo de Carvalho.
Como se sabe, para os progressistas, quem acredita em Deus não pode ser intelectual, salvo se for a crença no moderno Deus materialista e histórico da Teologia da Libertação. E o que dizer sobre o absurdo de o presidente Bolsonaro ter aceitado duas sugestões de Olavo de Carvalho, esse filósofo que acredita em Deus e é anti-marxista? Ora, Bolsonaro é de direita, foi candidato apoiado pela direita e eleito pelos votos da direita e votos de quem, não sendo de direita, detesta a esquerda lulopetista.
Então, a sapiência progressista indica que, para equilibrar as coisas, para mostrar moderação, o presidente de direita deveria acatar sugestões de um filósofo da esquerda lulopetista? Marilena Chauí, claro, seria a conselheira ideal. Talvez aconselhasse Márcia Tiburi ou Leandro Karnal.
Com efeito, os referidos ministros anunciados por Bolsonaro têm um roteiro anti-revolucionário, bem conservador mesmo. Mas foi justamente para isso que Bolsonaro foi eleito, oras!
Enfim, para mim, que não sou progressista, Ernesto Araújo e Vélez Rodríguez me parecem boas escolhas. Os desafios são grandes e as possibilidades de se cometer erros são enormes; mas entendo que estão preparados para acertar. Torço e rezo pelo Brasil!
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