Em post convidado, o professor Juraci Mourão
analisa a decisão do juiz federal Sérgio Moro
de aceitar o cargo de Ministro da Justiça no
governo Bolsonaro.
Por Juraci Mourão Lopes Filho
Post Convidado
Nunca havia criticado o juiz Sérgio Moro antes, mas seu ingresso no governo Bolsonaro merece uma reflexão.
Não se pode relativizar nem colocar apenas como discurso vitimista da esquerda as críticas a essa seu aceite para o Ministério da Justiça.
Trata-se do juiz cujas decisões, bem ou mal, afetaram diretamente o processo eleitoral que resultou no governo que ele agora vai integrar. Isso é sério.
Ficaria calado fosse vaga no STF, que poderia ser aceita daqui a dois anos. Mas se trata de um cargo POLÍTICO com subordinação hierárquica que pressupõe um alinhamento também político. Não é a magistratura que tem a independência funcional constitucionalmente garantida. É, portanto, um cargo com viés político por definição e regime jurídicos.
Algo tão objetivo assim não pode ser relevado para aferição da imparcialidade de quem tomou decisões jurídicas tão heterodoxas (ainda que não erradas) no âmbito penal. E que chegou a divulgar áudios após cessação da ordem, tirou foto em premiações com adversários políticos do principal réu de seus processos antes de condená-lo, que despachou durantes suas férias no exterior para descumprir uma ordem de instância superior e divulgou delação de impacto político na última semana da campanha presidencial, quando, segundo o próprio atual vice-presidente eleito, ele já havia sido sondado. Todos esses fatos passados recebem novas luzes com a realidade de hoje.
Acho um tremendo erro pessoal dele e uma aposta arriscada para o país, inclusive para aqueles que, como eu, querem um combate à corrupção. Isso só é bom para o Bolsonaro. Moro põe toda sua biografia em risco e a própria historiografia da lava jato.
Fonte-Focus.Jor
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