terça-feira, 26 de junho de 2018

FUTEBOL - COPA DA RÚSSIA 2018 - BRASIL E SÉRVIA.

Brasil e Sérvia: Rivais, mas nem tanto.





Com o título “Brasil e Sérvia: Rivais, mas nem tanto”, eis artigo do jornalista Carlos Mazza, que pode ser conferido também no O POVO desta terça-feira. Ele expõe detalhes de um cenário político entre os dois Países e a Copa. Confira:
Prestes a entrarem em campo em polos opostos de partida decisiva, Brasil e Sérvia mantém relações bem distintas da rivalidade dos gramados na diplomacia internacional. Há mais de dez anos, somos o principal aliado ocidental da Sérvia na controversa questão da independência do Kosovo, declarada unilateralmente pela maioria albanesa da região secessionista em 2008.
A questão é pouco conhecida por aqui, mas voltou recentemente aos holofotes após jogadores suíços de raízes kosovares comemorarem gols na Copa do Mundo com gestos referentes ao símbolo da bandeira da Albânia. O impasse étnico pode parecer pouco para o Brasil – País besta que ainda insiste que índio só é índio se viver no mato sem calça nem celular –, mas está longe de ser.
Atualmente, mais de cem países – incluindo todas as grandes potências do G7 – reconhecem a independência do Kosovo, bancada pelos EUA contra normas do Conselho de Segurança da ONU. Do outro lado, a Rússia, junto com China e mais de 70 membros da ONU, incluindo o Brasil, tomam lado da Sérvia na disputa. Entre o mundo ocidental, principais aliados sérvios acabam sendo Espanha – muito mais por conta do próprio impasse étnico da Catalunha – e o Brasil.
O brasileiro nem sabe, mas tivemos inclusive protagonismo na questão. Nos anos 1990, Fernando Henrique Cardoso foi um dos principais líderes mundiais a se posicionar contra bombardeios da Otan na antiga Iugoslávia durante a Guerra do Kosovo. Em 2015, o governo Dilma Rousseff (PT) foi festejado após emitir visto sérvio para a então presidente do Kosovo, Atifete Jahjaga. Em passagem pelo Brasil para participar de evento com Rousseff, Jahjaga reagiu com indignação ao “presente” e cancelou a viagem. Anos depois, nem mesmo a ascensão do PSDB – bem mais simpático aos EUA do que à Rússia – ao comando da política externa nacional alterou relação amistosa entre brasileiros e sérvios na arena diplomática.
Inaugurada em jogo com time tradicional sérvio, o Estrela Vermelha de Belgrado, a Arena Otkritie deverá dar torcida maior para a Sérvia na partida decisiva contra o Brasil, valendo vaga nas oitavas. Vamos esperar que, só desta vez, o Brasil deixe um pouco as boas relações de lado.
*Carlos Mazza
carlosmazza@opovo.com.br
Jornalista do O POVO.
Blog Nilson Técnico Bosch.

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