Entregador diz que levou dinheiro a escritório de amigo de Temer.
O policial militar Abel de Queiroz
disse em depoimento prestado à Polícia Federal, em março deste ano, que
foi duas vezes ao escritório do advogado José Yunes, amigo do presidente
Michel Temer, para fazer entregas de dinheiro entre 2013 e 2015. O
depoimento foi mantido em sigilo.
O policial era motorista da empresa de transporte de valores
Transnacional, contratada por empresas envolvidas na Lava Jato. Ele é
testemunha em ação que investiga pagamentos de R$ 10 milhões realizados
pela Odebrecht a campanhas do MDB. Os valores teriam sido negociados
pelo próprio Temer, em 2014.
Como publicado neste domingo (6) pela Folha de S. Paulo, Queiroz foi
com os investigadores ao escritório de Yunes, no Jardim Europa, em São
Paulo. Durante a oitiva, ele disse que "lá esteve em pelo menos duas
oportunidades".
O motorista disse ainda que conduziu o veículo até o local e outros
dois agentes, identificados por ele como Oliveira e Alves, levaram os
valores para dentro do escritório.
O depoimento é parte do inquérito que apura uma acusação apresentada
pelo Ministério Público Federal (MPF), em março deste ano, contra Yunes e
outros aliados de Temer. Segundo a ação, Yunes atuou como arrecadador
de recursos ilícitos para Temer.
+ Alckmin e Temer ensaiam aproximação e irritam DEM
O inquérito apura se repasses da Odebrecht ao MDB eram contrapartida
ao atendimento dos interesses da empreiteira pela Secretaria da Aviação
Civil. Padilha e Moreira Franco – que estiveram à frente da pasta -,
além de Temer, são investigados.
A denúncia foi aceita pela Justiça Federal em Brasília, que abriu
ação penal contra Yunes por organização criminosa. O coronel João
Baptista Lima Filho, também amigo de Temer, é acusado pelo mesmo crime.
O advogado admite ter envolvimento em uma única operação como "mula
involuntária" de Padilha, ao receber um pacote, que ele afirma que
desconhecia a origem e o conteúdo na época.
O advogado de Yunes, José Luís de Oliveira Lima, afirmou em nota que
seu cliente, “com mais de 50 anos de advocacia, jamais se prestou a
desempenhar o papel de intermediário”.
Já o advogado de Temer, Brian Alves Prado, não quis comentar por não ter tido acesso ao depoimento.
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