PGR denuncia deputado Veneziano Vital por desvio de recursos públicos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR)
denunciou, nesta quarta-feira (2), o deputado federal Veneziano Vital
do Rego Segundo Neto (PSB-PB) e outras três pessoas por desvio de
recursos públicos. Em 2006, o então prefeito de Campina Grande (PB)
teria se apropriado de R$ 75 mil destinados à compra de equipamentos e
material de consumo para a instalação de um banco de alimentos no
município.
O esquema incluiu a dispensa indevida de licitação, a apresentação de
notas fiscais falsas e o saque do valor do convênio na boca do caixa do
Banco do Brasil. Depois de assinar o cheque destinado ao pagamento da
suposta empresa contratada, o grupo recebeu de volta o montante
repassado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Além do parlamentar, foram denunciados José Luiz Júnior
(vice-prefeito de Campina Grande àépoca do crime), Rennan Trajano Farias
(diretor financeiro da prefeitura) e Valdemir de Medeiros Cavalcanti
(ex-diretor municipal de finanças).
As investigações criminais foram iniciadas a partir da conclusão de
uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou uma
série de irregularidades na execução do convênio. Entre os problemas
constatados estava a simulação de um pregão eletrônico – frustrado por
falta de interessados – e posterior dispensa irregular de processo
licitatório.
+ Foro privilegiado é deboche com a sociedade, diz presidente da OAB
A empresa contratada foi a Importec – Importação e Distribuição LTDA –
que, além de não possuir capacidade técnica para fornecer os materiais
que deveriam ser comprados, apresentou valores acima dos praticados pelo
mercado. Ouvidos no inquérito, os sócios da empresa afirmaram que
jamais participaram de procedimento licitatório vinculado à prefeitura
de Campina Grande e que sequer conheciam alguém do Executivo local.
“Afirmaram ainda que a empresa nunca trabalhou com produtos de cozinha
industrial, mas sim com o comércio varejista em geral, miudezas,
presentes, brinquedos, decoração, plantas domésticas”, detalha um dos
trechos documento. Também em depoimento, os envolvidos confirmaram as
irregularidades tanto na contratação quanto no processo para o saque do
dinheiro público.
De acordo com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, um
exame grafotécnico revelou que as assinaturas que constam do contrato
não foram feitas pelos respectivos sócios da empresa. Também foi
comprovada fraude no momento em que o cheque foi descontado. Embora o
documento estivesse em nome da empresa, os dados (nome e RG)
apresentados para o saque não estão vinculados à empresa. Para
completar, o Banco do Brasil confirmou que o dinheiro não foi depositado
na conta da Importec. “Foram realizadas diligências para aferir quem
foi o responsável pela assinatura do cheque; e o Banco do Brasil S/A
informou que tal cheque havia sido assinado pelo deputado federal
Veneziano Vital do Rego Segundo Neto”, aponta um trecho da denúncia.
Para a PGR, o parlamentar e os demais envolvidos cometeram o crime
previsto no artigo 1º do Decreto 201/67 que prevê pena de dois a 12 anos
de reclusão. Além da condenação penal, a ação requer a perda da função
pública, a reparação do dano com a atualização do montante desviado e o
pagamento de indenização por dano moral coletivo, em valor equivalente
ao dobro do desvio. Nesse caso, o pedido se deve ao fato de a atuação do
grupo ter gerado abalo "à confiança e à credibilidade das instituições
públicas". Raquel Dodge lembra que a ação atingiu a imagem da União e da
prefeitura Municipal de Campina Grande, que foi utilizada para o desvio
e a apropriação de dinheiro público destinado a uma finalidade
humanitária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário