Laudo vê transação financeira entre suspeito e prima de José Serra.
Os investigadores da Lava Jato identificaram transações financeiras entre o empresário José Amaro Pinto Ramos e uma prima do senador José Serra (PSDB-SP), Vicencia Talan – casada com Gregório Marin Preciado, suspeito de intermediar pagamentos indevidos a políticos. Pinto Ramos é apontado pelo ex-presidente da Odebrecht Pedro Novis como intermediário de repasse de R$ 4,5 milhões ao senador entre 2006 e 2007. O tucano nega qualquer relação comercial com os citados.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que dados sobre
as transações financeiras entre a empresa da prima de Serra e a de
Pinto Ramos serão requeridos pelos investigadores em Brasília no
inquérito que investiga se o senador paulista recebeu propina da
Odebrecht.
As informações constam de um laudo pericial produzido pela Polícia
Federal no inquérito que apura a compra da refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos, pela Petrobrás. O marido da prima de Serra é suspeito de
operar o pagamento de propina na compra de Pasadena.
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A perícia analisou a quebra de sigilo das empresas de Preciado. Os
dados foram enviados pela Espanha por meio de um acordo de cooperação.
Conforme a PF, as transações realizadas entre 2007 e 2008 foram da conta
da Iberbrás Integracion no banco espanhol La Caixa para uma conta da
Hexagon Technical Co. no Corner Bank na Suíça.
A offshore Iberbrás está em nome de Vicencia Talan, mas é
administrada por Preciado. Segundo informações obtidas na Espanha pela
Operação Lava Jato, há transferências em 2007 e 2008 para a conta na
Suíça que, em valores atualizados, somam R$ 3,2 milhões. A Hexagon é uma
offshore panamenha e gerida na Suíça por Pinto Ramos. É a primeira vez
que a PF identifica uma relação entre uma pessoa próxima ao senador
tucano e o empresário.
Em depoimento à PF no dia 31 de janeiro, o próprio Pinto Ramos
confirmou ser proprietário da Hexagon e das contas no Corner Bank. O
empresário também assumiu não ter declarado a empresa e as contas para a
Receita Federal do Brasil.
Serra afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que conhece os
personagens citados na investigação, "mas jamais manteve relações
comerciais ou políticas com eles". Sobre a delação de Pedro Novis, da
Odebrecht, o senador disse que jamais recebeu vantagens indevidas de
empresa.
A reportagem ligou para um número de telefone residencial em nome de
Gregório Marin Preciado. Uma pessoa que não quis se identificar atendeu e
disse que pediria para ele retornar a ligação. Até a conclusão desta
edição, nem Preciado nem Vicencia Talan responderam.
O advogado Eduardo Carnelós, defensor de José Amaro Pinto Ramos,
confirmou os recebimentos da Iberbrás, mas afirmou que seu cliente
jamais conheceu Gregório Marin Preciado, nem sua mulher, e não tinha
conhecimento de ligação deles com a offshore.
"É fundamental frisar que esses pagamentos não têm relação com José
Serra, cuja ligação com Marin Preciado, Ramos veio a saber também por
meio da imprensa. Tampouco aqueles pagamentos guardam relação com os
fatos relatados por delatores da Odebrecht", afirmou o defensor de Pinto
Ramos.
Segundo Carnelós, os valores recebidos da Iberbrás estão relacionados
a uma consultoria para "um grupo de investidores, sobretudo espanhóis",
interessados em um projeto de uma termoelétrica no Uruguai. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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