terça-feira, 24 de abril de 2018

Política.

Eleições 2018 – O general de Tasso Jereissati.

 

 

Da Coluna Política, do O POVO desta terça-feira, assinada pelo jornalista Érico Firmo, uma análise sobre o desejo do PSDB, via senador Tasso Jereissati, de querer apostar num general para a disputa governamental. Confira:
A oposição no Ceará não tem nome para ser candidato. Então, escolheu um perfil. A estratégia faz sentido. Se não tem alguém competitivo, busca-se perfil mais à feição do que se acredita que deseje o eleitor. Fosse definir por nome, haveria dois competitivos: Tasso Jereissati (PSDB) ou Capitão Wagner (Pros). Um não quer de jeito nenhum. Outro poderia se viabilizar. Mas, fez movimentos que desagradaram o bloco. E oscilou entre as declarações de que seria candidato e de que não seria. Publicamente falou mal dos possíveis aliados. Não ficou clima para Wagner ter apoio real dos demais.
Sem o capitão, o bloco caminha para escolher o general. O motivo e o mote são claros: segurança. Essa será a tecla na qual o candidato de oposição a Camilo Santana (PT) irá bater. Quando Tasso estava no segundo mandato de governador e explodiu a crise na Polícia, ele recorreu a um general para ser secretário. De lá para cá, outros dois passaram pelo cargo. Agora, pelas mãos de Tasso, um general pode concorrer ao governo.
Não deixa de ser irônico que o homem responsável por derrotar os antigos coronéis venha a lançar um general a governador. A carga embutida é repleta de simbolismos. A imagem de militares na política agrega componentes que agradam muita gente: ideia de eficácia na segurança, de força, ordem. Por outro lado, é uma imagem pesada, carregada, associada a autoritarismo – dado o histórico das Forças Armadas no poder. É uma imagem conservadora.
Não é necessariamente ruim, mas é algo que a oposição estadual nunca se assumiu. Para não ir longe, em 2014, Eunício Oliveira (MDB) disputou com Camilo o posto de candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. O Capitão Wagner que flertou, ou flerta, com Jair Bolsonaro (PSL) já quis se filiar ao Psol.







Há militares de esquerda, obviamente. Generais inclusive. E capitães – vide Luís Carlos Prestes e Carlos Lamarca. Não parece o caso de Guilherme Theophilo, herdeiro de uma tradicionalíssima, sesquicentenária, família de militares. De todo modo, o fato de a oposição assumir uma candidatura conservadora sem disfarces ajuda a deixar as coisas claras para o eleitor.
A chance de a empreitada ser vitoriosa me parece remota. Não me parece que o general imagine que vai estrear na política, num estado que não é o seu, e se veja eleito governador de cara. Também a oposição não se move como quem espere a vitória. Para o grupo de partidos, um resultado honroso já estará de bom tamanho. Assim como, para Theophilo, desempenho capaz de projetá-lo para eleições futuras será bastante proveitoso. O que vier além disso será muito lucro.

 

 

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