A taxa de desocupação no Brasil ficou em 12,6% no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados ontem (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em igual período de 2017, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 13,2%. Apesar da queda em um ano, o número representa avanço de 0,6 ponto percentual (p.P.) ante o trimestre encerrado em novembro de 2017 e de 0,4 p. P. Na comparação com o trimestre até janeiro, quando era de 12,2%.
O País tinha 13,121 milhões de pessoas em busca de emprego no trimestre encerrado em fevereiro deste ano. Há menos 426 mil desempregados em relação a um ano antes, o equivalente a um recuo de 3,1%. O total de ocupados cresceu 2% no período de um ano, o equivalente à criação de 1,745 milhão de postos de trabalho.
O nível da ocupação, que mede o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 53,9% no trimestre terminado em fevereiro. Ainda de acordo com os dados da Pnad, o mercado de trabalho no País perdeu 611 mil vagas com carteira assinada no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 1,8% no trimestre encerrado em fevereiro ante igual período do ano anterior. O total de vagas formais no setor privado no País caiu a 33,126 milhões de postos, o montante mais baixo de toda a série histórica iniciada em 2012.
Setor privado
Setor privado
Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 5% em um ano, com 511 mil empregados a mais. O total de empregadores cresceu 5,5% ante o trimestre até fevereiro de 2017, com 225 mil pessoas a mais. O trabalho por conta própria cresceu 4,4% no período, com 977 mil pessoas a mais.
A condição de trabalhador familiar auxiliar apresentou aumento de 1,6%, com 34 mil ocupados a mais. O setor público gerou 359 mil vagas, um avanço de 3,3% na ocupação. Houve aumento de 251 mil indivíduos na condição do trabalhador doméstico, 4,2% de ocupados a mais nessa função.
De acordo com o IBGE, o Brasil perdeu 858 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em fevereiro ante o trimestre encerrado em novembro. Em igual período, mais 550 mil pessoas migraram para o contingente de desempregados. Outros 537 mil aderiram à população inativa na mesma base de comparação.
Carteira assinada
Ainda na mesma base comparativa, o mercado de trabalho perdeu 92 mil vagas com carteira assinada. O contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado encolheu em 407 mil pessoas, e outros 96 mil indivíduos passaram a trabalhar por conta própria. O setor público teve queda de 358 mil postos de trabalho no trimestre encerrado em fevereiro ante o trimestre encerrado em novembro. O emprego como trabalhador doméstico diminuiu em 35 mil pessoas.
Apesar da melhora de alguns indicadores do mercado de trabalho, ainda é difícil determinar que ele esteja em recuperação, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O mercado de trabalho não deve ser analisado somente pela taxa de desemprego. É um erro, tem que ser analisado o conjunto. Tem que ver a qualidade do emprego. Que população ocupada é essa?”, questiona Azeredo. “Tivemos um aumento na fila de desocupação de meio milhão de pessoas (no trimestre encerrado em fevereiro de 2018 ante o trimestre encerrado em novembro de 2017). Dizer que tem um quadro favorável é complicado, porque o nível de desocupação ainda é muito elevado, e a base de comparação é muito ruim, qualquer crescimento vira um salto”.
Menor patamar
Azeredo lembrou que o dado de 33,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada representa o menor patamar da série histórica da pesquisa. O montante significa que o País tem 3,5 milhões de vagas formais a menos do que o pico de 36,672 milhões de vagas com carteira assinada registrado no trimestre encerrado em agosto de 2014.
“Não posso usar o termo recuperação (para o mercado). Tem aumento de ocupação, mas muito voltada para a informalidade. Tem desaceleração no aumento da desocupação e na redução da carteira assinada. Mas não dá para falar em recuperação quando tem um nível de carteira chegando ao patamar mais baixo. A crise foi tão agressiva que até emprego de baixa qualidade afetou”, frisou Azeredo.
Azeredo calcula que, atualmente, quase 40% da força de trabalho estão na informalidade, incluindo trabalhadores por conta própria, sem carteira assinada no setor privado, trabalhador familiar auxiliar e pequenos empregadores. “Esse número era entre 33% e 34% antes da crise, em 2014”, lembrou.
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